quarta-feira, 28 de setembro de 2011

METÁFORAS

            METÁFORAS
Cristiane Tereza Cornélio Vincenzi

            Final de tarde.
            Depois de um dia intenso de trabalho volto para casa e ligo a TV, como de costume, ligo e saio a fazer outras coisas ficando a ouvi-la.
            Fico paralisada ao ouvir uma notícia que custo acreditar: criança de 10 anos atira contra professora e logo após se suicida.
            Corro até o quarto onde a TV permanece ligada para tentar entender ou na esperança de não ter escutado corretamente. Um engano, quem sabe!
            Ouço novamente a notícia e por instantes preciso me sentar na beira da cama para refazer a lógica dos meus pensamentos.
            Me vejo confusa...
            Começo a caminhar pela casa sem muita direção e sem organizar meus pensamentos no que anteriormente estava a fazer.
            O que está acontecendo com as nossas crianças?
            Há pouco tempo eu já havia feito esta mesma pergunta. Mas hoje minha indignação e incredulidade é tanta que meus pensamentos se confundem.
            Onde estamos errando?
            Onde estão errando?
            Quem está errando?
            Um amontoado de interrogações começam a acumular em meus pensamentos.
            Respostas, nenhuma.
            Apenas algumas reflexões me sobram.
            Esta sociedade egocêntrica estaria deixando nossas crianças adultas demais antes da hora e por não terem maturidade para enfrentar algumas decepções elas acabam por sucumbir?
            Seria a entidade família que por falta de valores e conceitos acaba por abandonar seus filhos deixando-os a deriva?
            Ou seria a escola, que depois de ter passado por momentos de repressão política absolveu muitas coisas “importantes” na educação formal das crianças?
            Qual seria a responsabilidade nossa diante do voto, colocando maus políticos que não sabem se quer redigir uma lei para proteger as crianças sem que as mesmas se tornem promíscuas?
            Como diria o poeta: QUE PAÍS É ESTE?
            Há não muito tempo atrás, professor era sinônimo de respeito, e a escola local de aprendizado.
            Agora professor precisa se curvar aos desejos dos alunos porque existe uma lei onde “criança” pode tudo e adulto obedece?
            E a escola o local onde todos os problemas da criança que carrega o mundo no próprio umbigo, serão resolvidos, por um professor que precisa ensinar desde os modos a mesa até a álgebra.
            Quando a criança não vai bem na escola, a sociedade culpa o professor que está preso apenas a conteúdos; as aulas precisam ser criativas pois a tecnologia assim o é.
            Quando a criança aprende e se desenvolve ela é autodidata.
            A escola perde o valor porque os pais não a valorizam, mas querem que a escola dê conta também do “conteúdo” pertencente a família.
            Acabaram com o ditado: “Educação, vem de berço”.
Também para quê berço?
            “Coisa” ultrapassada esta coisa de berço!
            Precisamos inovar.
            Por quê dar carinho? Compre um lap top, que é a mesma coisa.
            Por quê ensinar regras? Ensine-o a jogar vídeo-game.
            Por quê ser solidário? Cada um que se vire e trabalhe, afinal todos tem a mesma chance na vida.
            Por quê estudar, preencher livros respondendo perguntas sobre assuntos relevantes para a sociedade? O eu é mais importante do que tudo.
EU tenho que ser bom.
EU tenho que me alimentar.
            EU preciso de espaço.
            EU quero ser feliz.
            Não me importa se o outro que está bem do meu lado, não tenha um teto ou o que comer. Ele não soube aproveitar as chances.
            E não é só isso.
            Quando crescer estas crianças estarão pensando da mesma maneira, e sairão por aí achando que podem tudo.
            Se aos 10 anos eu posso pegar uma arma atirar na professora, aos 20 eu posso mais...
            Se aos 10 anos eu posso machucar um colega porque me provocou e meus pais me defendem ou simplesmente fingem não tomar conhecimento, aos 20 eu posso matar alguém porque me fechou no trânsito, aos 30 posso jogar meu filho do 18º andar.
            Tudo será tão natural que meus pais ainda assim sairão em minha defesa porque esqueceram-se do ditado do berço, mas não se esquecem do que diz que os pais devem proteger seus filhos.
            Acordar para o que está acontecendo já se tornou URGÊNCIA, porque o caos que se instalou precisa se acabar.
            Estamos diante de um impasse, porém precisamos tomar consciência que a solução para toda essa angústia é a atitude e depende de cada um de nós.
            É como um jogo de Xadrez. Sério, precisa de atenção, estratégia e ação.
            Qualquer vacilo pode custar a “vida” do rei, e aí é XEQUE-MATE!