Características fundamentais
Decomposição do espaço tridimensional do quadro e da sensação volumétrica que daí derivava, reivindicando a bidimensionalidade;
Completa autonomia do quadro em relação à Natureza, regendo-se por leis próprias;
Recusa da concepção estática da pintura tradicional, que representava o objecto com um carácter fixo e imutável, introduzindo a quarta dimensão, que permitia a visão simultânea do objecto, quer de frente, quer de perfil e pelos seus contornos posteriores e inferiores – é a dimensão tempo;
Cor e luz sacrificadas em prol da ordenação racionalista do quadro;
Linguagem geométrica utilizada para procurar a essência interna das coisas;
Criação de uma nova realidade, não como a vemos, mas como a pensamos;
Abolição de tudo o que é acessório, daí a simplificação das formas, que são geometrizadas.
O CUBISMO ANALÍTICO
Entre 1909 e 1912, desenvolveu-se a fase analítica, definida pela visão simultânea e multifacetada dos vários aspectos do motivo observado, fazendo com que o objecto aparecesse na tela como que quebrado ou explodido.
O artista não o representa apenas pelo que vê, mas também, e sobretudo, pelo que dele conhece.
Para simplificar a leitura da obra, as cores empregues são sóbrias, aparecendo o quadro quase monocromático, trabalhado em tonalidades de uma cor-base, quase sempre ocre, terra e cinzento-esverdeado.
Na obra que observamos à direita, toda a pintura é marcada pela geometrização das formas, com configurações angulosas e rostos e corpos distorcidos. As duas figuras do lado direito da tela sofreram influências nítidas da arte africana, com os rostos-máscaras. Aliás, o tema da máscara é querido aos cubistas, nele reconhecendo o exotismo e a força das civilizações de África e Oceânia, numa época de profunda crise da civilização ocidental.
O CUBISMO SINTÉTICO
Por volta de 1912, Braque e Picasso começaram a introduzir nas suas telas alguns elementos estranhos à pintura. São letras, bocados de madeira, panos, cartas de jogar, pautas de música, pedaços de jornal, embalagens de cigarros e de fósforos, bilhetes, etiquetas, areia, etc.
Estes elementos, pintados ou de matéria concreta, acrescentados à obra, tiveram como objectivo estimular visualmente o espectador, desfazendo a carga hermética da imagem, característica da fase analítica.
A par das formas simplificadas surgiu, com maior pujança, a cor vibrante, em sobreposições e transparências de planos, dando alguma emoção ao quadro. Tudo o que é acessório, inútil ou decorativo é extraído.
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